Faz algumas horas que estou parada perto dessa janela.
Sinto frio mais me contenho em ficar aqui deitada.
Inerte.
O telefone toca.
Uma, duas, três vezes.
O barulho me incomoda.
Eu continuo parada.
Do lado de lá dessa janela tem mentira.
O cinza impregnado em cada canto da cidade.
Em cada parte do corpo de cada pessoa.
Tem motorista xingando.
Mendigo entre uma rua e outra.
Trabalhador atrasado.
Prostituta cansada.
Tem fumaça.
Tem estresse.
Tem pessoas reclamando.
Da falta de tempo.
Da falta de dinheiro.
Reclamando só por reclamar.
Aqui dentro é diferente.
Tem o silêncio.
Tem a calma.
Tem o vazio.
E um corpo estagnado.
Perto de uma janela.

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